Inteligência Competitiva

Dados, informações e inteligência

Neste post, apresentamos definições de dados, informações e inteligência.

Dados, informações e inteligência

Longe de estabelecer quaisquer conceitos ou definições rígidas sobre dados, informações e inteligência, torna-se relevante mencionar a distinção existente entre estas palavras. Nesta pesquisa, estes termos não devem ser compreendidos de modo intercambiável.  Não se trata simplesmente de questão semântica. Sharp (2009) nos leva à reflexão:

Nós estamos na era da informação; nós somos a sociedade da informação; nós vivemos em uma economia da informação; nós sofremos de sobrecarga da informação; nós viajamos na supervia da informação; nós estamos engajados na guerra da informação (guerra cibernética); e assim vai… Mas o que nos leva à inteligência?(SHARP, 2009, p.92, livre tradução).

O contraste existente entre estes termos torna-se relevante na medida em que são utilizados como subsídios necessários ao processo de decisão. A utilização imprecisa dos termos dados, informações e inteligência pode criar alguma confusão (SHARP, 2009). De toda forma, é relevante mencionar que as definições abaixo não tratam de conceitos absolutos ou unânimes. São definições encontradas na literatura que auxiliam a compreender o sentido dos termos empregado neste trabalho.

Dados referem-se a fatos, estatísticas ou mesmo um único número. Representam algo que ocorreu no passado: número de itens vendidos, preço, nome do cliente etc. Dados são importantes e possuem alto valor. São fáceis de entender, comparar e discutir. Dados são a fonte para muitas decisões. No entanto, dados podem ser ilusórios, sem significado. Dados são os itens mais disponíveis entre dados, informação e inteligência (SHARP, 2009).

Informação provê mais valor que dado. As informações são qualitativas e quantitativas, adicionando mais contexto ou significado aos dados. As informações são um ponto intermediário entre os dados e a inteligência. São mais difíceis de se descobrir e adquire e menos pessoas possuem as habilidades necessárias para provê-la (SHARP, 2009).

A inteligência significa utilizar as informações que foram apropriadamente analisadas em um contexto próprio, onde dados e informações irrelevantes são descartados. A inteligência busca desenvolver os insights chaves, que levam às melhores conclusões e recomendações (SHARP, 2009). O quadro 1 auxilia o reconhecimento das distinções entre dados, informações e inteligência, de acordo com Sharp.

Quadro 1 – Características de dados, informação e INTELIGÊNCIA.

 Características
DadosMaterial bruto: número, estatística, fato; Item isolado, simples; Discretos; Sem contexto; Componente de uma informação.
InformaçãoAgrupamento ou coleção de dados; Coloca contexto aos dados; Bom para comparações; Revela mais que dados; Pode ou não ser suficiente; Subconjunto da inteligência.
InteligênciaInformação correta e suficiente que pode ser avaliada e analisada; Dinâmica; Revela padrões; conecta pontos; Conduz à ideias e implicações; Resulta em decisões ou ações; Altíssimo nível.
Fonte: (SHARP, 2009, p. 93 livre tradução)

Toda estratégia não é construída sobre dados ou informação. Uma estratégia deve ser construída sobre inteligência que possua significado, seja relevante, acurada e suficiente. A inteligência, nesse sentido, é maior que os simples dados e informações. A inteligência é utilizada para melhorar a estratégia de uma organização e melhorar suas decisões (SHARP, 2009).

A doutrina militar do Ministério da Defesa (BRASIL, 2014), observa relevantes características das informações: a dimensão da informação do ambiente operacional. Ambiente operacional, segundo a doutrina, é:

[…] a composição de condições, circunstâncias e influências que afetam o emprego de recursos e apoiam as decisões do comandante, abrangendo áreas físicas e fatores relativos aos domínios marítimo, terrestre e aeroespacial, aspectos humanos, bem como a dimensão informacional, que inclui o espaço cibernético (ciberespaço). (BRASIL, 2014, p. 14, grifo no original)

Ampliando o conceito para que possa englobar outras espécies de organizações, além das militares, pode-se dizer que o ambiente operacional nada mais é que o ambiente em que a organização atua.

Dimensões dos dados, informações e inteligência

Para o Ministério da Defesa (BRASIL, 2014), as informações podem ser compreendidas sobre três dimensões: humana, física e informacional.

 A dimensão humana compreende os elementos relacionados às estruturas sociais, seus comportamentos e interesses que podem levar a conflitos. Analisar de aspectos humanos, sociais e culturais do ambiente operacional é tão importante quanto analisar a dimensão informacional ou física deste ambiente.

A dimensão física é composta por fatores que viabilizam uma operação. Tradicionalmente, ela considera os aspectos geográficos ou climáticos do ambiente operacional. As mudanças tecnológicas ou sociais provocadas pela maior utilização de informações na dimensão humana e informacional impactam a dimensão física, ao mesmo tempo em que a dimensão física influencia as outras dimensões.

A dimensão informacional é composta por indivíduos, organizações, e sistemas que tomadores de decisão utilizam para realizar suas ações. Esta dimensão é composta por três perspectivas: física, lógica e cognitiva. Não existe, a priori, relação de relevância entre estas perspectivas. O comprometimento de uma destas perspectivas compromete toda a cadeia de uso da informação.

A perspectiva física é composta por sistemas e infraestruturas que suportam os efeitos desejados pelos indivíduos. São exemplos os suportes físicos da informação e as redes que interconectam esses suportes. Inclui as pessoas que utilizam as informações, as instalações, os computadores, jornais, livros, torres de transmissão etc. Esses elementos não diferem e por isso não se limitam a fronteiras geográficas, políticas, psicossociais e econômicas. Alterações na perspectiva física da dimensão informacional – como, por exemplo, a introdução de um novo meio de comunicação – impactam diretamente a dimensão física do ambiente operacional.

A perspectiva lógica envolve questões relacionadas a como as informações são obtidas, armazenadas, protegidas e difundidas. Ações realizadas nesta perspectiva podem ser utilizadas para impactar o fluxo da informação e o seu conteúdo.

A perspectiva cognitiva engloba as mentes das pessoas responsáveis pelo uso da informação. Refere-se a indivíduos ou grupos que recebem as informações, como eles as percebem, avaliam e tomam suas decisões. Estes indivíduos ou grupos sofrem a influência de suas crenças, cultura, normas, vulnerabilidades, motivações, emoções, experiências, educação, identidade, ideologias etc. Compreender os fatores que influenciam o tomador de decisão é fundamental para influenciá-lo.

Moresi (2012, 2013) compilou os pressupostos da doutrina militar e desenvolveu uma síntese aplicável a uma variedade maior de espécies de organizações. A Figura 2 apresenta um quadro resumo com essa síntese.

DIMENSÕES DO AMBIENTE INFORMACIONAL
Fonte: Adaptado de Moresi (2012; 2013)

Levando-se em consideração a questão da estratégia, muitas espécies de organizações podem se beneficiar da inteligência. Desde a antiguidade, e ao longo da História, os diversos Estados, nas mais diversas culturas, seja na “arte da guerra” ou não, utilizam-se da inteligência – e o seu complemento, a contrainteligência – para se beneficiarem.

Para além de dados, informações e inteligência

Conheça as informações sobre inteligência e contrainteligência. Neste post você poderá conhecer o processo de inteligência.